Conceito de Tecnologia, por Álvaro Vieira.

PINTO, Álvaro Vieira. O Conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro, RJ: Contraponto Editora, 2005. v. 1

Sobre o Autor:

Álvaro Vieira Pinto foi um filósofo e intelectual brasileiro, conhecido por suas contribuições em filosofia, educação e estudos sobre tecnologia. Nascido em 1909 e falecido em 1987, ele teve uma carreira acadêmica prolífica, com uma forte ênfase em críticas sociais e análise da realidade brasileira sob uma perspectiva marxista.

o Texto sugerido esta dividido nos seguintes tópicos – Obs.: são ordens aleatórias? Não entendi!

📃 A palavra "tecnologia" é usada frequentemente por muitas pessoas e com diferentes objetivos. Ela é muito importante para entendermos os problemas de hoje. Por causa do uso amplo e variado, ela pode ser uma ideia essencial, mas também confusa. Todos, desde jornalistas até filósofos, a usam quando estudam a realidade atual, especialmente a forma como produzimos coisas em sociedade. No entanto, é claro que não há uma única definição clara para "tecnologia".


1. As diversas acepções do termo “tecnologia”

Resumo

Discute quatro significados principais do termo "tecnologia": como teoria e estudo da técnica; como sinônimo de técnica; como conjunto de todas as técnicas de uma sociedade; e como ideologização da técnica. Ele enfatiza a necessidade de uma ciência da técnica, chamada de "tecnologia", que é fundamental para a compreensão da realidade humana. Pinto argumenta que a técnica, embora seja sempre específica em seu exercício, deve levar à descoberta de conceitos lógicos gerais e valores universais. Ele também destaca a importância do domínio teórico da técnica para libertar o homem da servidão prática à técnica.

🗣 Tentando simplificar o entendimento desse termo, parece-nos correto destacar pelo menos quatro significados principais:

  • (a) Seguindo o primeiro significado etimológico, "tecnologia" é a teoria, a ciência, o estudo, a discussão das habilidades de fazer coisas, incluindo artes, profissões e, em geral, maneiras de produzir algo. Este é o sentido principal que nos ajuda a entender os outros. Aqui, a "tecnologia" é vista como "o estudo da técnica".
  • (b) No segundo significado, “tecnologia” equivale pura e simplesmente a técnica. Indiscutivelmente constitui este o sentido mais freqüente e popular da palavra, o usado na linguagem corrente, quando não se exige precisão maior. As duas palavras mostram-se, assim, intercambiáveis no discurso habitual, coloquial e sem rigor. Como sinônimo, aparece ainda a variante americana, de curso geral entre nós, o chamado know how. Veremos que a confusão gerada por esta equivalência de significados da palavra será fonte de perigosos enganos no julgamento de problemas sociológicos e filosóficos suscitados pelo intento de compreender a tecnologia..
  • (c) "Tecnologia" pode ser entendida como o conjunto de técnicas de uma sociedade em qualquer fase do seu desenvolvimento. Aplica-se tanto a civilizações antigas quanto modernas, sendo comumente usada para discutir ou medir o progresso social. Embora ganhe um significado especial ligado ao progresso, perde um pouco da clareza em seu significado lógico.
  • (d) Por fim, encontramos o quarto sentido do vocábulo “tecnologia”, aquele que para nós irá ter importância capital, a ideologização da técnica. Condensadamente, pode dizer-se que neste caso a palavra tecnologia menciona a ideologia da técnica. Ao quarto significado, por motivos tornados transparentes, explicados pela índole do presente ensaio, dedicaremos maior atenção.2. A tecnologia como epistemologia da técnica.

    Álvaro, discute o conceito de tecnologia, destacando a necessidade de uma compreensão filosófica da técnica e criticando a dissociação entre teoria e prática. Ele argumenta que a técnica, como produto da percepção humana, deve ser estudada de maneira dialética e crítica. Pinto sugere que a análise da tecnologia deve ser feita por pensadores com ferramentas lógicas para estudar ações técnicas a partir de um nível mais abstrato de compreensão. Ele também enfatiza a importância de unificar as condições sociais de produção e a extensão do conhecimento, permitindo que a prática se torne uma categoria epistemológica universalmente reconhecida.

    ⚠️ Se a técnica é a forma como percebemos e agimos no mundo, criando ferramentas e máquinas, e se isso faz parte da nossa cultura, então deve haver uma ciência que estuda isso. Esta ciência, cheia de teorias complexas e ricas em conhecimento, deve ser chamada de "tecnologia".


3. As concepções ingênuas da tecnologia elaboradas pelos técnicos

discute o conceito de tecnologia, criticando a divisão entre técnicos e pensadores e a negligência dos interesses da sociedade maior. Ele analisa a consciência metropolitana que define as condições humanas, ressaltando a importância da consciência crítica para refutar falsidades. Pinto critica teóricos que propõem reformas para manter o status quo e destaca a necessidade de considerar as condições sociais ao perceber a tecnologia. Ele critica técnicos que interpretam mal a tecnologia e se concentram em especulações futuras. Por último, Pinto argumenta que a tecnologia é usada para desviar a atenção dos problemas sociais reais e consolidar o poder, criticando a crença de que ela resolverá todos os problemas da humanidade.


  1. As viersas acepções do termo

Tecnologia é a teoria, estudo e discussão técnica das artes, habilidades do fazer e modos de produzir alguma coisa. o Logos da Técnica.

Tecnologia equivale pura e simplesmente a técnica.

Tecnologia é o conjunto de técnicas de uma sociedade, comumente ligada a métrica de avanço do processo de forças produtivas.

Tecnologia como ideologia/ideologização da técnica.

  1. Tecnologia como epistemologia da técnica

Técnica, enquanto ato produtivo, gera reflexões e teorizações sobre o estado do processo de produção em si. Entretanto, essa definição não é usual, e pela fealta de reunião definidas do saber sobre "saber técnico" existe uma dispersão sobre as considerações nas obras de sociologia, filosofia e nos obras dedicadas ao exame de técnicas ou artes particulares.

Se a técnica é um proudto da percepção que pode vir a se tornar ação materializada em artefatos e entregues a transmissão cultural, obrigatoriamente deve haver uma ciência que o abrange explora que também resulta num cojnunto de formulações teoricas e conteúdos epistemológicos. Essa ciência deve ser chamada de Tecnologia e esse sentido deve ser defendido.

A manutenção e priorização dessa definição tem um objetivo de guiar a exploração das reflexões e explicações a partir dela e não somente da ci~encia e artefatos que constroem, pois, ignorando a definição primiordial não existe o carater reflexivo e filosófico que refinaria a teoria (e em cascata a própria técnica) de opniões pessoais.

Os técnicos que desenvolvem e produzem "tecnologia", pela falta da visão crítica que a base teorico-filosofica da primeira definição daria, são incapacitados de apreciar a natureza do trabalho e da propria funão de agente, assim, o SER SOCIAL é deixado de lado e toda reflexão vira função de um "pensador" que por sua vez não pratica as ações técnicsa que estuda, gerando assim uma compreensão abstrata da realidade do ser técnico.

A contradição do prático realizar a teoria sem saber, e o teorico criar reflexões sobre o que não vive é uma contradição gerada pela condição social de produção e extensão do saber ser ineficaz. A eficácia e quebra desse processo deverá acontecer quando o trabalho de cada homem dexar de ser o motivo que o prende a falta de percepção de que o trabalho é mais do que o ato/operação técnica.

A técnica, quando embasada pela reflexão crítica, deixa de ser um fuinal de percepção e se torna o con´rário, aumentando a percepção do mundo enquanto o resultado de sua aplicação é aliada aos conceitos lógicos; Conceitos lógicos esses que por unirem todas as técnicas, por mais particulares que sejam, se tornam o poder de negar a identificação individual do trabalhador por si só.

"O domínio teórico da técnica pelo homem liberta-o da servidão prática à técnica, que vem sendo, crescentemente, o modo atual de vida pelo qual é definido e reconhecido."

A realidade tida como "o mundo" é fruto da aplicação de técnicas e da tecnologia, mas, a consciência desse fenomeno é baixa; A consciência dos tecnicos quando seus atos e artefatos se entrelaçam na trama complexa dessa nova realidade potencialmente pode os ajudar a desenvolver ensaios de teorização que tendem a ir evoluindo, dessa maneira, os pensadores vão se ver de frente a ensaios melhores e tomando autoconsciência da falta de pratica que tem.

Essa realidade em que o mundo deixa de ser natural e se torna artificial (assim como o objeto de fascinio tambem o faz) as relações sociais são majoritariamente agentes de propagação de objetos e do valor técnico empregado neles. Assim, a técnica deixa de apreendida com as propriedades invariáveis dos corpos naturais de onde vem e são julgadas segundo a maneira com que a sociedade organiza as relações sociais de produção.

As relações sociais como balizadoras da produção e acesso a bens de consumo cria uma epistemologia da técnica que é fundamentada não na natureza, mas, nas relações sociais, que por sua vez são acidentais enquanto formações históricas.

Fica estabelecido então a conexão do desenvolvimento de técnicas e elevação delas a categoria de ideologia social.

  1. As concepções ingênuas da tecnologia elaboradas pelos técnicos

Como percebido anteriormente, o mundo é agora tido como um artefato cujo criador é o homem. Essa concepção só surgiu pelo empobrecimento gerado pela sensação empoderadora da habilidade e do poder técnico de produção.

O momento, também citado anteriormente, de desencontro de técnicos e pensadores agora balizados pela ideologia social da tecnologia é agravado com pensadores que são meros tecnocratas e que introduzem conceitos alienantes ao interesse de esferas dominantes. E, pelo esforço e propagação dessas esferas condenam o significado de "consciência crítica" a reflexão sobre os objetivos pessoais do grupo poderoso que representam, quando na verdade, a consciência crítica é aquela que toma consci~encia de seus determinantes no processo histórico da realidade, porem, apreendendo o processo em totalidade e não considerando determinantes os fatores correspondentes ao interesse individual privado.

Surge no meio dessa efervecência técnica o "apologista da civilização tecnológica", cujo pensamento é marcado justamente pelo não pensar na totalidade e sim na especificidade e indivdualidade. Para tal, o interesse da imensa maioria da humanindade é apenas um horizonte indefinido e por isso não afeta a consciência do pensador apologista. Essa consciência se transforma numa realidade que atinge pensadores honestos os trabalhadores que são medidos pela posse e moradia de um local que tenha "supremacia tecnológica".

"Se a ilusão metropolitana tivesse validade, os povos situados em etapas mais atrasadas da tecnologia, no terceiro sentido por nós definido, ficariam privados do direito de fazer do próprio atraso técnico o fundamento de uma autêntica compreensão do mundo. A legítima teoria da consciência crítica mostra, ao contrário, que a verdade consiste na posição oposta. A tomada de consciência da realidade dá aos povos pobres e espoliados o direito de exprimir criticamente sua apreensão do mundo e de, fundados nessa compreensão, rebaterem os sofismas da consciência metropolitana."

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